Por Fernando Calmon
Pensar pequeno entrou na moda. Pequeno, no caso, carros compactos sedãs ou hatches. Derrick Kuzak, vice-presidente de Desenvolvimento Global de Produtos da Ford, falando aos jornalistas brasileiros em Dearborn, EUA, semana passada, ressaltou que de 2002 a 2012 as vendas mundiais desses modelos terão saltado de 23 milhões para 38 milhões de unidades/ano. Até lá representarão metade dos automóveis de passageiros comercializados no mundo.
Mesmo nos EUA, onde a cultura pelo grande e o biotipo dos compradores não ajudam, os compactos conquistaram 21% do mercado, incluindo SUVs, picapes e minivans, em 2009. Nesse cenário, o Brasil vai mais longe, pois adicionadas todas as derivações representam 80%.
Essa constatação levou a Ford a importar do México o New Fiesta, sedã compacto lançado há apenas dois meses nos EUA. É a sexta geração do modelo, cuja versão hatch alcançou grande sucesso há dois anos na Europa. Aqui conviverá com o Fiesta atual, rebatizado de Rocam. No primeiro trimestre do próximo ano chegará também o hatch mexicano, porém ambos serão fabricados em Camaçari (BA), no final de 2012.
A fábrica posicionou o novo Fiesta na faixa “premium”, começando nos R$ 50 mil e mirando principalmente no bem-aceito Honda City, além do Polo e 207 Passion. Na realidade, a aposta maior é na versão de R$ 55 mil, de sete airbags (inclui proteção para joelhos do motorista) e R$ 8 mil mais barata que o City completo. Compete ainda com o Linea (compacto “limusine”, de entre-eixos “esticado”) e pelo jeito incomodou até a Kia. O importador baixou o preço de entrada do Cerato – maior e mais largo, de segmento superior – para R$ 50 mil.
Com linhas atraentes – até ousadas –, o novo sedã vem bem equipado, aproveitando a isenção do imposto de importação sobre veículos mexicanos. Direção com assistência elétrica e autocompensação de deriva, volante regulável em altura e distância (esta, acima dos padrões) e banco do motorista ajustável em altura, além de boa calibração de suspensões e motor 1,6 l/115 cv, valorizam em especial o prazer de dirigir.
Material de acabamento é bom e o para-brisa acústico ajuda no silêncio a bordo. Console segue o estilo arrojado do carro, mas precisaria de um sistema de áudio com recursos extras. Há vários porta-objetos e o porta-luvas comporta invejáveis 9 litros de volume.
Apesar de 18 cm mais longo que o Fiesta atual, o novo não oferece espaço superior no banco traseiro, pois manteve a distância entre eixos de 2,49 m. Volume do porta-malas 8% menor e tanque de combustível com 47 litros (7 l a menos) são a contrapartida ao conjunto visual harmonioso. Falta a opção, oferecida na América do Norte, da interessante caixa de câmbio automatizada, de duas embreagens e seis marchas, mas sem seleção sequencial a fim de cortar custos.
Embalada por esse lançamento, a Ford confirmou a importação de um volume limitado do Fusion híbrido, no final do ano. Trata-se de um híbrido verdadeiro, 30% mais caro que o modelo convencional. Alguma coisa, porém, aponta aparente desinteresse mundial por essa tecnologia. A Toyota anunciou ter cortado em 25% a vistosa previsão de produção do pioneiro Prius, em 2011.
RODA VIVA
COMPACTOS igualmente estão nos planos da Kia. Vai esperar a reformulação total do Rio, prevista para o segundo trimestre de 2011, para importá-lo já com motor flex. Previsão de chegada: final do próximo ano. Sul-coreanos querem cobrir todas as brechas de mercado. Subcompacto Picanto é insuficiente para concorrer com tudo que vem aí, inclusive chineses...
PEUGEOT já distribuiu fotos do novo sedã médio-compato 408, fabricado na Argentina e igual ao homônimo chinês. Estará no Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro, mas as primeiras entregas, só em 2011. Compartilha a mesma arquitetura do C4 Pallas. Dessa vez a marca francesa dispõe de um produto bonito, antítese do sedã 307 que nunca emplacou.
VOLTARAM rumores sobre a Volkswagen comprar a Alfa Romeo, da Fiat. Intenção seria substituir a problemática marca espanhola Seat. Italianos negam de mãos e pés juntos. Apresentaram até planos de catapultar as vendas da Alfa, das atuais 100.000 para 500.000 unidades/ano até 2014. Poucos acreditam pelos problemas de imagem da marca e exigências financeiras.
ASTON Martin, representada pelo Grupo SHC, de Sérgio Habib, abriu primeira loja em São Paulo (SP) e já vendeu 12 unidades. Com a força da novidade, no primeiro mês deve ter se tornado a número um entre as 125 concessionárias da marca inglesa no mundo. Previsão é de 60 unidades/ano. Preços vão de R$ 600 mil (Vantage) a R$ 1,35 milhão (DBS V-12).
MAIS uma esperteza, dessa vez quanto à troca a intervalos fixos do fluido de direções assistidas hidraulicamente. Algumas oficinas “sugerem” que a cada 20.000 quilômetros se faça a substituição. Só há necessidade de intervenção no sistema em caso de vazamento de óleo ou defeito grave, que obrigue abertura da caixa de direção, por exemplo.