Ontem, no dia 17 de abril de 2009, completaram-se exatos quarenta anos do lançamento do Ford Maverick, um carro que foi sucesso nos Estados Unidos e enfrentou muitos problemas aqui no Brasil, tendo seu brilho ofuscado pela crise do petróleo e ressurgindo no século XXI, se tornando um carro raro e desejado, principalmente na versão GT com motor 302 V8, de 197 cavalos.
Maverick nos Estados Unidos
No final dos anos 60 a Ford buscava um concorrente aos compactos importados da Ásia e da Europa. O Ford Falcon estava ultrapassado demais, além de não ser um compacto. A Ford ainda comemorava o sucesso do Mustang lançado em 1964, quando lançou o Maverick, nome de uma raça de touros selvagens norteamericanos. O preço era muito convidativo, 1.995 dólares, além disso, a crise do petróleo não havia chegado.
O sucesso foi fulminante, ainda no primeiro ano de vendas o modelo teve 579.000 unidades comercializadas, mais do que o obtido pelo próprio Mustang. Os motores eram dois, um 2.8 de 82 cv e 17,8 kgfm e 3.3 de 91 cv e 21,3 kgfm, ambos de seis cilindros. As linhas do carro eram semelhantes as do Mustang, porém simplificadas. Apesar disso não deixava de ser um belo carro, sendo, até hoje, considerado bonito, com uma legião de fãs.
Com o sucesso logo novas versões foram lançadas, tendo como foco o luxo ou apelo esportivo. A Ford lançou por lá o Maverick Sprint e o Maverick Grabber, com novos motores. A Mercury, outra marca do grupo Ford, lançou o Comet, um Maverick com novo capô e nova grade. Mesmo com a crise no petróleo as vendas dos modelos não sofreram grandes quedas nos Estados Unidos. Poucas modificações foram feitas nos modelos até 1977, quando deixaram de ser produzidos pela Ford e pela Mercury.
Maverick no Brasil.
Para encontrar um meio termo entre o Corcel e o luxuoso Galaxie e ainda um concorrente para o Opala a Ford precisava de um carro com estilo e porte semelhantes ao GM. A solução encontrada pela montadora foi trazer um carro de sucesso nos Estados Unidos, apostando todas as suas fichas nele, o Ford Maverick.
Em um evento secreto, com a participação de 1.300 consumidores, a Ford apresentou diferentes veículos sem nenhuma identificação. Entre eles estavam o Ford Cortina, da Inglaterra, o Ford Taunus, da Alemanha, o Ford Maverick e até o Chevrolet Opala. O modelo preferido foi o Taunus, mas como sua produção por aqui seria inviável devido à alta tecnologia que o modelo empregava, tanto na suspensão quanto nos motores, pequenos e modernos demais para o Brasil daquela época.
Como o motor original do Maverick era de seis cilindros e o Salão de São Paulo de 1972 já estava se aproximando a Ford optou por produzir o modelo, adaptando o bloco utilizado pelos Willys de seis cilindros na época. O motor era grande demais para o capô do Maverick, por isso modificações precisaram ser feitas, como um redesenho do coletor de exaustão.
Essa mudança causou, nos testes, queima da junta do cabeçote. Este problema foi resolvido com uma galeria externa de refrigeração específica para o cilindro mais distante na frente. A taxa de compressão do motor foi reduzida para 7,7: 1. O motor 184 3.0 de 112 cavalos estava pronto para ser lançado como versão de entrada, tendo como topo de linha o V8 302 5.0 canadense, que produzia 197 cavalos e já era usado no Mustang.
No dia 4 de junho o primeiro Maverick foi produzido no Brasil. As versões disponíveis eram três, Super (básica), Super Luxo ou SL (intermediária) e GT (top de linha). O Super e o Super Luxo podiam ser encontrados tanto na versão coupé, de duas portas, e sedan, de quatro portas. O motor era o 3.0 seis cilindros, mas opcionalmente poderia contar com bloco V8 5.0. A transmissão era manual de quatro marchas no assoalho ou automática de três velocidades na coluna de direção.
O GT era o mais caro da gama, equipado com motor V8 e exclusivamente com câmbio manual de quatro velocidades. O motor seis cilindros bebia muito e não oferecia desempenho satisfatório. Ele foi um dos principais responsáveis em dar ao Maverick a fama de beberrão. Em 1976 este bloco foi trocado por um mais moderno, quatro cilindros de 2.3 e 99 cavalos de potência, com torque de 16,9 kgfm.
O 3.0 fazia 0 a 100 km/h em 19,4 segundos, atingindo pouco mais de 150 km/h. O 2.3 por sua vez demorava 17 segundos para alcançar os 100 km/h partindo da imobilidade. Se a melhora no desempenho não foi significativa o consumo foi beneficiado. O 5.0 V8 fazia 0 a 100 km/h em 11 segundos, segundo a Ford.
O Maverick não foi um sucesso nas vendas por aqui. Uma grande parte da culpa por isso ter acontecido foi o motor 3.0 de seis cilindros que bebia muito e rendia pouco. Nos anos da crise do petróleo isso foi fatal para a imagem do modelo. Os danos foram tão graves que nem o novo bloco 2.3 conseguiu apagar a fama de beberrão do Maverick.
Em 1977 uma nova tentativa de fazer as vendas do Maverick subirem: chegava o Maverick fase 2. Esteticamente este modelo trazia nova grade, novas lanternas traseiras maiores, novas faixas decorativas, entre outros detalhes. O interior era novo. Na mecânica a suspensão foi revisada para o uso de pneus radiais, os freios foram melhorados e a bitola do eixo traseiro estava mais larga.
Nas versões surgia a LDO, que significa Luxuosa Decoração Opcional. O Maverick GT agora vinha com motor 2.3 de série, sendo o 5.0 V8 um opcional para os que queriam mais desempenho, sem se preocupar com o consumo. Com estas mudanças o Maverick sobreviveu até 1979, quando deixou de ser produzido com 108.106 unidades fabricadas.
A vida após o fim da carreira
Com a segunda crise do petróleo o preço de carros como o Maverick no mercado de usados despencou. Agora, além do alto consumo de combustíveis o problema era a manutenção, que havia se tornado mais cara após o fim da produção. Com o tempo o Maverick saiu das casas de famílias de classe média e foi para subúrbios, onde era mal cuidado e assim foi marginalizado. Nessa época o Maverick era um carro esquecido.
As peças de reposição estavam cada vez mais raras. Alguns proprietários substituíam o motor original de seis cilindros por outros, mais econômicos, o que incluía até o do Opala, eterno rival do Ford. Apesar de tudo alguns proprietários ainda mantinham seus carros originais. No século XXI o Maverick passou a ser visto com outros olhos.
O carro passou a ser raro e muito valorizado por colecionadores, sobretudo na versão V8 5.0 GT. Hoje o Maverick é um objeto de desejo, um clássico! É muito raro ver um Maverick rodando em perfeito estado de conservação, e quando isso acontece ele se destaca na multidão com seu estilo inconfundível. Sem dúvidas, um ícone da indústria automotiva nacional, que completa 40 anos!
Fontes: Wikipédia | Revista Auto Esporte | Maverick Clube do Brasil