Por Fernando Calmon
Já foi comentado que os avanços técnicos poderão convergir no sentido de automóveis praticamente à prova de acidentes fatais em futuro não tão distante. Pois essa é a meta tornada pública por pelo menos um fabricante, a sueca Volvo, que acaba de ser vendida pela Ford para a chinesa Geely por US$ 1,8 bilhão.
De acordo com a prestigiosa revista americana Ward’s AutoWorld, considerada a mais importante publicação sobre tecnologia automobilística, o fabricante estabeleceu um prazo de 10 anos, ou seja, 2020. Na realidade, várias outras marcas desenvolvem as mesmas inovações técnicas e muito provavelmente conseguirão resultados iguais. Só que nenhuma até agora se comprometeu abertamente em alcançar esse objetivo.
“Estamos trabalhando com afinco nessa direção, pensamos estar no caminho certo, mas não podemos resolver todas as situações que levam às mortes dentro e fora dos veículos”, ressalvou Jan Ivarsson, gerente sênior de estratégias e requisitos de segurança. Autoridades governamentais devem cumprir seu papel em manter motoristas de risco fora de circulação e ajudar na preparação da infraestrutura viária para interagir com os recursos de bordo dos veículos a fim de criar um ambiente de trânsito mais seguro.
Entre as iniciativas, sugerem-se mais cruzamentos com rotatórias, além de sinalização horizontal e vertical bem conservada para que câmeras e sensores nos veículos possam cumprir seu papel. Atualmente vários modelos reproduzem no painel os limites de velocidade detectados a partir de placas e também avisam ao motorista quando o carro sai da faixa pintada no pavimento, sem acionar o indicador de direção.
Dispositivos mais sofisticados são capazes de manter a distância segura em estradas para o veículo que segue à frente, freando se necessário. Em alguns modelos Volvo, evitam-se totalmente colisões em tráfego urbano até 30 km/h e, agora, também pedestres são detectados impedindo atropelamentos. Com o tempo, as velocidades de monitoração vão aumentar.
Sabe-se que mais de 90% dos acidentes ocorrem por erro e/ou imprudência dos motoristas. Por isso, vários fabricantes europeus estudam, em conjunto, o comportamento de quem está ao volante por meio de câmaras instaladas dentro e fora do veículo em frotas de teste. Motoristas de idade avançada, por exemplo, reagem de forma mais lenta em cruzamentos, embora seu grau de atenção possa ser semelhante ao dos jovens.
Uma preocupação, claro, é o custo dos equipamentos. Os sistemas podem variar de R$ 800,00 a R$ 4.000,00, no exterior, mas devem cair de preço se crescer a aceitação, independentemente da legislação. Veículos equipados com controle eletrônico de estabilidade tiveram 50% menos acidentes fatais nos EUA. Outro estudo apontou que cerca de 7.000 mortes por ano já são evitados pelos avisos de colisão iminente e de acionamento automático dos freios.
Mesmo que acidentes ainda ocorram, as velocidades de colisão serão bem menores e não fatais. Mais proteção interna haverá aos ocupantes. Ivarsson resume o que a empresa espera das pesquisas:
“Nossa intenção é chegar tão perto de zero em fatalidades que um só acidente com morte se defina como um desastre, uma exceção, e não apenas, infelizmente, algo quase corriqueiro na vida diária.”