Por Júnior Almeida
Outro dia, parado por alguns minutos em um semáforo, no bairro do Cambuí, em Campinas, fiquei observando por um bom tempo uma Chevrolet Blazer que estava ao meu lado, por sinal em ótimo estado de conservação e não, não era da policia… Hipnotizado por alguns instantes por suas linhas extremamente modernas para a época, pelo design menos americanizado do que sua concorrente direta, a Cherokee, tive boas lembranças da sobriedade das linhas da General Motors frente às concorrentes no segmento de utilitários.
A Blazer unia dois propósitos em um só automóvel, seguindo a tradição da saudosa Veraneio. Esta não escapou de ser utilizada pelos órgãos do governo, tanto como viaturas policias, como ambulância. E ainda era o utilitário de luxo de sua época.
A Chevrolet S10 chegou para ocupar o espaço entre as picapes pequenas, como Chevy 500. Fiat Fiorino e Volkswagen Saveiro e as grandes, Ford F-1000 e Chevrolet D-20. Foi a primeira picape média nacional, em um segmento que vivia do relativo sucesso das importadas Toyota Hilux e Mitsubishi L-200. Lançada em fevereiro de 1995, já incorporava a nova identidade visual com a frente arredondada, faróis trapezoidais com duplo defletor e para-choques incorporados à carroceria, deixando-a com menos aspecto de robustez e mais próxima de um automóvel. A cabine por sua vez, exalava modernidade perto de suas concorrentes, com linhas arredondadas e os vidros rentes, um conceito nunca antes visto em uma picape nacional.
Em Novembro do mesmo ano a Blazer era apresentada ao publico. Com um design muito mais atraente do que a picape, o utilitário esporte oferecia um amplo espaço não só para bagagens, mas também para os passageiros, que podiam usar e abusar do conforto que o modelo dispunha. Trazia painel completo, que incluía voltímetro, manômetro de óleo e conta giros.
O acabamento de qualidade, inclusive acima dos rivais importados, era um dos grandes diferenciais. As primeiras unidades eram oferecidas com o mesmo motor da S-10, que inclusive era o mesmo utilizado no Omega, o 2.2 litros com comando de cabeçote e oito válvulas e injeção monoponto, desenvolvia 106 cavalos de potencia e era auxiliado pelo suave cambio manual de cinco marchas, com o peso adicional da carroceria o motor se mostrou inapropriado para a Blazer que sofria para obter um bom desempenho.
Mas isso foi por pouco tempo. Em 1996 era apresentada a versão DLX por sua vez a top de linha equipada com um poderoso motor seis cilindros 4.3 litros Vortec que desenvolve cerca de 180cv de potencia e não decepcionaria mais seus futuros proprietários. O destaque era o torque elevado de 34,7 m.kgf a 2.600 rpm, que transformava o criticado desempenho da Blazer em passado pois o modelo tinha médias de 0 a 100 km/h em 10.8 segundos, com velocidade máxima de 180km/h, limitado eletronicamente, transformando-a no veiculo nacional dotado do motor com maior potencia liquida disponível na época.
O ano de 1996 estava agitado dentro da Chevrolet. A marca tinha uma gama de automóveis que lideravam seus respectivos segmentos e causava inveja na concorrência. Mas os importados estavam tomando conta de um segmento pouco concorrido. De olho no consumidor que procurasse um utilitário esportivo de luxo, a GM presentou em novembro a versão Executive. Externamente as diferenças estavam na cara, com as rodas de liga leve douradas, lanternas escuras e as faixas na lateral. Mas surpreendente era o interior recheado com um primoroso acabamento, bancos de couro, ajuste elétrico no assento do motorista e para dar um toque final, aplique que simula madeira no console, onde ficava opcionalmente a alavanca do cambio automático de quatro marchas, apenas disponível acompanhado do poderoso motor V6.
Uma leve renovação visual veio em 1999, limitada apenas a dianteira, onde figurava uma grade maior e a tomada de ar do para choque chamada de “boca de tubarão” pelo formato intimidador que a marca buscava para o futuro de seu utilitário e picape média.
Uma novidade foi a incorporação de air-bag para o motorista nas versões DLX e Executive, e os freios ABS nas quatro rodas trazendo uma melhora significativa em relação a segurança para os passageiros mas a maior novidade chegaria em 2001. Neste ano, tanto S-10 quanto a Blazer, receberam uma atenção especial do centro de estilo da Chevrolet para incorporar as mudanças. A concorrência estava mais acirrada, com Ford Ranger, Toyota Hilux e Mitsubishi L-200 nacionalizadas e com um conjunto, em partes, mais moderno. Uma boa reestilização foi encomendada.
Agora a dianteira exibia faróis trapezoidais, com dois refletores de superfície complexa acompanhado de uma grade mais robusta, acentuando a característica agressiva da gama e assumindo um formato composto por linhas mais retilíneas. O interior apresentou boas surpresas, com um painel mais moderno de formas arredondadas que trazia um tom de novidade a um modelo bem sucedido. Enfim o motor 2.2 litros era substituído por um 2.4 litros a gasolina, que desenvolvia cerca de 128 cavalos de potencia. Incorporou o motor 2.8 litros a diesel e abandonou o V6 a gasolina.
Desde então poucas mudanças ocorreram até sua aposentadoria. Com mais de 15 anos em produção a Blazer como conhecemos foi aposentada oficialmente neste mês, deixando de ser vendida agora, e sem alarde. A produção, no entanto, foi encerrada no final do ano passado. A linha 2010 e 2011, que se destacam por apliques na carroceria, sem caracterização policial, já é raríssima!
A Captiva ajudou a segurar a falta de um grande SUV na Chevrolet, mas um bom substituto está a caminho. É a TrailBlazer, que já teve sua produção iniciada na Tailândia. Concebida no Centro de Design da GM América do Sul, em São Caetano do Sul e desenvolvido em conjunto por engenheiros brasileiros e tailandeses, chega em novembro ao Brasil.
Júnior Almeida
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