O recente interesse e crescimento da produção de veículos mais gentis ao meio-ambiente é inegável. De fato, em relação à década passada, a presença destes em eventos mundiais é muito maior. E estou falando de carros de série, e não apenas de conceitos. No Salão do Automóvel de São Paulo de 2010, por exemplo, tivemos um grande número de elétricos ou híbridos, tais como o Nissan Leaf, os Honda Insight e CR-Z, o Peugeot RCZ, o Fusion Hybrid, e entre outros. O Brasil tem ficado de fora. Mas quais são as recentes ações quanto ao incentivo de carros menos poluentes?
Atualmente, o Brasil tem dois modelos híbridos a venda: o Fusion Hybrid e a S400 Hybrid, da Ford e Mercedes-Benz, respectivamente. Ambos custam mais de R$ 100 mil, ou seja, atendem a uma faixa de mercado pouco acessível à maioria dos brasileiros. Apesar disso, esse panorama irá mudar muito em breve. Já confirmados, teremos mais híbridos vindo da JAC, da Peugeot e elétricos da Renault. Isso mesmo! Surpreendendo a todos, a Renault anunciou a linha Z.E. (Zero Emissions), que será lançada na Europa no ano que vem, para o Brasil, também na mesma época. Ousadia que nenhuma marca teve até hoje: trazer o que o mundo tem de melhor para o país da energia limpa (hidrelétricas).
A Nissan pretende lançar o Leaf em breve, embora não tenha certeza quanto a datas e preços. A Mitsubishi pretende oferecer o iMiev para empresas a partir de 2013, e para o público, em 2015, sendo fabricado aqui. Há, também, uma novíssima montadora a caminho. O empresário brasileiro Eike Batista irá abrir uma montadora com carros 100% elétricos. Portanto, em 2015, o Brasil já terá uma boa fatia de elétricos que, a depender de preços, farão tão sucesso quanto à tecnologia flex. O segredo é mostrar ao público o quão esta tecnologia é importante para nós e para o planeta.
Uma recente pesquisa da Jato Dynamics apontou que o carro menos poluente do Brasil é o smart fortwo, com motor 1.0, emitindo 104 g/km de monóxido de carbono. Alto, porém, incomparável a outros modelos, como o Palio Fire, com 156 g/km. Os que mais poluem são o Mitsubishi Lancer, com 250 g/km e o Citroën C5 automático, que libera 264 g/km. Outros modelos surpreenderam positivamente, como o Gol, com seu motor 1.0 datado da década de 1990, que emite 156 g/km, menos que um Fiesta 1.0 ou um Palio Fire.
A partir desses dados, conclui-se que, independentemente da modernidade do projeto, falta uma preocupação maior com as emissões. O motor 1.0 do Gol polui menos que um Fiesta 1.0, cujo motor é mais recente. Há casos, porém, que a modernidade pesa a favor. Um Série 3 320i automático emite menos poluentes que um Palio Fire, por exemplo. Lembrando que, provavelmente, o Fusion Hybrid e a S400 Hybrid não entram na lista, por serem recentes e por nem todos os carros do mercado terem sido testados.
Os 104 g/km do smart, por exemplo, parecem pouco. E talvez sejam, perto dos níveis de outros veículos. Mas nada comparável ao de um elétrico, cuja emissão é zero. Por mais que uma Ferrari com motor acima de 600 cv inspire a paixão automotiva de muitos, precisamos nos preocupar com o mundo. Não precisamos de um mundo automotivo chato, com carros elétricos que não passam de 40 km/h. O R8 e-tron é um belo exemplo disso. Só falta um planejamento maior, pois os veículos elétricos possuem uma autonomia baixa. Uma boa ideia é estabelecer postos de recarga em concessionárias da própria marca, por exemplo.
Faltam, também, incentivos. A Fiat já planeja 50 protótipos do Uno elétrico. Com um incentivo do governo, através da isenção de impostos, veículos como estes podiam concretizar-se. A escolha do Brasil e do México dentre tantos mercados da América Latina pela Renault não é por acaso. Agora o país precisa apostar no time que está ganhando.