O Fiat Uno foi, e talvez ainda seja, um veículo revolucionário. Em um país onde modelos como Fusca reinavam, o Uno causou surpresa pelas suas linhas relativamente modernas para a época. Com linhas totalmente quadradas, ganhou o apelido de bota ortopédica logo quando foi lançado, em 1984. Na época, três versões eram oferecidas: S, a mais simples, a CS, a intermediária, e a SX, a top de linha.
O Uno era a grande aposta da Fiat. Em 1984, vendeu 12.899 unidades, contra 28.093 unidades do 147. A família 147 - o próprio 147, Oggi, Panorama, Fiorino e 147 Pickup - estava prestes a ser substituída pela família Uno. Em 1985, o Uno vendeu 36.583 unidades, totalizando 21.808 carros a mais do que o 147. O pequeno ancião foi retirado de linha em 1987, ano em que vendeu 490 unidades.
Logo em 1985, a Fiat lançou o Prêmio, versão sedan do Uno. Sua traseira alta e suas lanternas chamativas foram características marcantes do modelo, que fez sucesso, ao contrário do Oggi. Um ano depois, em 1986, veio a Elba, versão StationWagon do Uno. Tinha como um dos principais argumentos na época o porta-malas que ultrapassava os 500 litros, com bancos rebatidos. Na época, a Elba brigava com Marajó e Parati, e, quem sabe, com a Quantum.
Em 1988, foi lançado o furgão da família Uno: o Fiorino. Fez bastante sucesso, por ser relativamente barato e resistente. Junto do Fiorino, foi lançada a Fiorino Pickup que, como diz o nome, era a versão picape do furgão, e o Uno Furgão, uma alternativa barata para quem precisava de um veículo versátil e que pudesse levar um determinado número de cargas.
A família Uno estava formada. Entre as motorizações, um 1.3, um 1.5 (82 cv), um 1.5R (de 83 cv, que equipou a versão especial 1.5R do Uno), e a 1.6R (versão esportiva de 1990, e 88 cv), que foram lançadas e tiradas de linha ao longo da 'carreira' do Uno. Em 1990, outra mudança: é lançado o Mille, para fazer parte do mercado de 1000 cv. Em uma tentativa de reduzir o custo, certos itens como o retrovisor do lado direito foram exclusos na versão, sendo oferecidos como opcionais.
Em 1991, toda a linha Uno é reestilizada, ganhando a "frente baixa", que garantiu modificações futuras por partes dos donos de modelos anteriores à reestilização. Com um design mais sóbrio, o Uno ganhou injeção eletrônica nas versões S e CS em 1992 e, em 1993, ganhou a versão Eletronic, que trazia ignição eletrônica e a opção de quatro portas.
No ano seguinte, com vendas baixas, o Prêmio sai de linha. Nos últimos anos em linha, a partir de 1991, no período pós-reestilização, o Prêmio ganhou versões com um certo requinte, como por exemplo, a CSL. O mesmo correu com a Elba, principalmente na versão Top. Ainda em 1994, inicia-se a produção do Uno Turbo, com motor 1.4 de 116 cv. A Elba, por sua vez, foi descontinuada em 1996, ano em que o Palio foi lançado. A intenção do Palio foi substituir o Uno, porém, apesar de ter superado o modelo em alguns anos em vendas, o baixo custo de produção do Uno e seu custo x benefício garantiu o sucesso do Uno por muito tempo.
A partir de 1996, o Mille ganhou pequenas renovações estéticas, como no interior, que abandonou os comandos satélites por volta de 1995, ano em que ganhou a versão 1.6 MPi, a Trekking (versão disponível na Fiorino Pickup), Mille EP 1.0 com injeção eletrônica e a versão i.e. (que substituiu a versão Eletronic). Em 1996, a Elba e o Uno Turbo foram descontinuados, além do Uno 1.5. Versões como SX e Young foram lançadas em 1997. Em 1999, a Fiorino Pickup sai de linha, após ter seu lugar roubado pela Strada recém-lançada. Já nos anos 2000, o modelo ganhou a versão básica Smart, que custava em torno de R$ 11.000 na época. No ano seguinte, o modelo ganha o motor Fire 1.0 de 55 cv, substituindo o motor Fiasa.
Assim, o Uno permaneceu praticamente sem mudanças até 2004, quando completou 20 anos de produção. O modelo foi reestilizado, ganhando novos faróis, lanternas e interior, apesar as linhas permanecerem as mesmas do Uno de 1984. O design, que anteriormente estava cansado, conquistou novos consumidores. Versões como Way, a versão aventureira do Uno, garantiram o sucesso do modelo. Pacotes como Celebration ofereciam cada vez mais equipamentos inéditos no modelo, como por exemplo, a direção hidráulica.
Em 2009, após quase 5 anos sem grandes mudanças, o Uno ganha uma pequena mudança estética, ganhando lanternas mais escuras. Por dentro, a antiga alavanca de câmbio é substituída por uma mais moderna, e o volante ganha o novo logo da Fiat. O modelo ganhou o kit Top, incluindo rodas de liga leve, o que garantiu um charme extra na bota ortopédica de 25 anos. Além disso, o modelo ganhou a versão Economy, que oferece um econômetro, dispositivo que auxilia o condutor a economizar combustível. Segundo uma declaração da própria Fiat, o plano era tirar o Uno de linha apenas em 2014, quando entrava em vigor a lei dos Airbags e ABS.
Já haviam os boatos do Projeto 327, que em tese substituiria o Uno. No início, os protótipos eram caixas, de tão camuflados. Com o tempo, informações recolhidas tornaram possíveis projeções realísticas do modelo, que apontavam inspiração no primo europeu, o Panda. Em 2010, o blog revelou com exclusividade imagens de patentes do Novo Uno, que mostravam as linhas do modelo. As imagens geraram repercussão internacional, com informações sendo publicadas em jornais italianos, com o nome do blog creditado.
Aos poucos, o modelo perdia sua timidez. Dados importantes vazaram, os disfarces diminuíam, e o Novo Uno já era quase que inteiramente conhecido pelo Brasil. O modelo prometia revolucionar tão quanto o Uno de 1984. Seu design, marcante, vai além do design dos modelos de entrada atualmente presentes no mercado. Finalmente, a Fiat divulgou as primeiras imagens oficiais do Novo Uno, fazendo uma grande campanha publicitária através do Twitter e do Formspring.me, prometendo responder todas as perguntas hoje, garantindo uma boa interação com o público.
Desde o modelo 1984 até o Novo Uno, muitas mudanças ocorreram. O modelo que deveria ter sido assassinado pelo Palio há 14 anos permanece de pé, e promete continuar em linha mesmo com a chegada do Novo Uno pelo menos até 2014. Apesar de sua simplicidade declarada pela própria Fiat, seu custo x benefício é um dos melhores do país.
Sem mais delongas, seja bem-vindo, Novo Uno. Mais tarde, tudo sobre ele.