A internet está ganhando força como instrumento de apoio aos compradores de veículos. As experiências no Brasil remontam a 1993, quando a Fiat fez uma campanha para clientes encaminharem diretamente à fábrica os pedidos de modelos “populares”, num momento de forte desequilíbrio da demanda e oferta. O programa Mille on Line não resolveu todos os problemas -- consorciados e companhias seguradoras tinham acesso restrito --, mas foi um passo importante para disciplinar as vendas e (de) respeito ao consumidor.
Ao lançar o Celta, em 2000, a GM usou a rede mundial de computadores em linha para vender seu novo compacto por um preço um pouco menor. Na realidade, o desconto era fruto de uma filigrana fiscal que eliminava um nível de incidência do imposto. O cliente, na realidade, usava indiretamente a internet. Ia à concessionária e de lá o vendedor fazia a encomenda em seu nome.
Naquela época havia disputa entre os fabricantes para demonstrar que era possível comprar um carro e recebê-lo em casa, sem necessidade de ir a uma loja física. A Ford chegou a divulgar que o primeiro veículo adquirido nessas condições, no Brasil, foi um Escort de um cliente em São José dos Campos (SP).
Chegou-se a discutir se as áreas dos salões de vendas das concessionárias seriam reduzidas em razão da liberdade de ação dos compradores pela internet, na época em rápida expansão com a tímida chegada da banda larga. Essa previsão, logicamente, não se concretizou. O comprador, aparentemente, nunca vai abdicar de examinar o carro antes, tentar uma barganha de última hora olho no olho do vendedor, escolher um acessório extra ou fazer um teste.
Como ferramenta, no entanto, é um poderoso instrumento e cada vez mais fundamental. Na recente convenção da NADA (Associação Nacional de Concessionários de Automóveis, na sigla em inglês), realizada em San Francisco (EUA), ficou explícito. Michelle Morris, diretora do Google Automotive, mostrou que o comprador americano ampliou o número de minutos de pesquisa nos 30 dias anteriores à compra.
A empresa constatou que, em média, foram 58 minutos em sites de terceiros contra 37 minutos nos sites oficiais dos fabricantes, revelando a preferência por uma visão mais imparcial. “A busca virtual faz parte integral do processo de escolha final”, afirmou Morris. Preços de peças, acessórios e serviços de manutenção interessam também aos frequentadores da internet, abrindo novas possibilidades para as empresas com páginas atraentes e interativas.
Ela destacou ainda a crescente influência dos vídeos e das redes sociais no direcionamento do comprador para uma marca e modelo. Essa tendência não diminuiu a importância da informação boca a boca, mas o conhecimento básico provém mesmo da internet.
Outra curiosidade: os telefones celulares inteligentes (smartphones) são utilizados mais para fechar negócio, numa etapa final, do que pesquisar, em virtude de suas limitações naturais. Porém, o uso é crescente nos EUA. E tem sido uma mídia usada com especial interesse por compradores de automóveis de maior preço.
Portanto, todos os envolvidos em conquistar compradores de veículos no Brasil tratem de ficar de olhos bem abertos para os canais eletrônicos alternativos.
RODA VIVA
PRIMEIRAS unidades do GSV (veículo pequeno global, em inglês), a chamada série zero, estão começando a sair lentamente das linhas de montagem da GM, em São Caetano do Sul (SP). Ainda sem nome divulgado, substituirá o Corsa II atual em meados do ano. Os Cruzes sedã e hatch chegam no segundo semestre, junto com novo Omega australiano. S10 só em 2012.
FIAT e Tata devem romper relações na Índia, definitivamente. Em teoria, abriria espaço para os indianos se insinuarem no Brasil com o Nano, carro mais barato do mundo. Porém, além de encarecer, o modelo enfrenta dificuldades de venda em seu próprio mercado. Há uma versão menos tosca, conhecida como Europa. Seria uma espécie de sopro de vida para o modelo.
PROJETAR e fabricar modelos simples demais têm seus percalços, inclusive na aplicação de peças com preços diretamente proporcionais à (baixa) qualidade. Renault e Bajaj tentam desenvolver na Índia um concorrente direto para o Nano, mas as contas não fecham. Como resultado há desentendimentos que estão levando a atrasos crescentes do projeto.
STRADA Sporting é, de fato, um contraponto aos exagerados penduricalhos da linha Adventure da picape compacta mais vendida (cerca de 50% do segmento). Peças aplicadas são bem acabadas e algo discretas, à exceção dos cintos de segurança na cor vermelha. Novo motor de 1,8 l/132 cv realmente entusiasma pelo baixo peso da versão de cabine estendida.
BRASIL continua atrativo para marcas antes com presença discreta no país. Agora é a vez da tradicional Harley-Davidson. Esse fabricante de motocicletas está próximo à Ford, nos EUA, graças a uma edição especial da picape pesada F 150, lançada em 2010. A Harley está expandindo a atuação a fim de ampliar vendas aqui.