O mercado de veículos volta a operar com prazos longos para financiamento oferecidos no período pré-crise. Abolidos desde setembro, no auge da crise financeira internacional, planos de pagamento em 72 meses (6 anos) estão sendo retomados. O primeiro a oferecer a modalidade é o Itaú-Unibanco, já desde o último fim de semana, para a compra de carros novos. Feirões das montadoras operam com até 60 meses (5 anos) sem entrada.
Segundo o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, a decisão de um banco tende a ser seguida por outros. "Depois da crise, prazos de 60 meses eram exceções", diz. "Num primeiro momento, o máximo era 36 meses. Agora, começam a reaparecer planos de 72 meses, média até agosto."
Segundo Oliveira, os juros médios para o financiamento de veículos novos e usados estão em 2,88% ao mês, os mais baixos desde 1995. Os bancos também começam a ser menos rigorosos na aprovação do crédito. "Quando veio a crise, o consumidor foi penalizado pelo aumento dos juros, redução de prazos e maior seletividade no crédito", admite Oliveira.
"Ainda não voltamos totalmente às condições de antes da crise, mas em breve isso deve ocorrer", prevê Oliveira. Em 2007 e início de 2008, o mercado chegou a operar com prazos de 84 meses (7 anos) e até 99 meses (8,2 anos), mas os próprios lojistas admitem que eram condições mais para chamada de marketing, pois poucos contratos foram fechados.
Marco Bonomi, vice-presidente executivo do Itaú-Unibanco, diz que, além dos fundamentos sólidos que a economia brasileira tem apresentado, a crise promoveu mudança no perfil do consumidor de carros. "A compra por impulso diminui, dando lugar a uma compra mais consciente, com valores de entrada até superiores ao exigidos", explica.
Essa nova safra de consumidores, conforme define Bonini, tem mais compromisso com a compra. "O índice de inadimplência entre os novos compradores é metade em relação aos mais antigos, que está em 5% da carteira", exemplifica Bonini. Pelos seus cálculos, a ampliação de prazo de 60 para 72 meses representa redução de 10% no valor da prestação.
Com esse corte, diz ele, entre 2,5 milhões e 3 milhões de famílias com renda mensal de R$ 2 mil voltam ao mercado de carros novos. O plano de 72 meses tem juro de 1,57% ao mês e 20% de entrada do valor do carro.
Para Rodrigo Rumi, gerente regional de marketing e vendas da General Motors, a oferta de 60 meses sem entrada, por enquanto, "tem sido suficiente", e a marca não tem planos de retomar o plano de 72 meses suspenso em setembro.
Fonte: Estado de São Paulo