Fim de ano traz momentos de descontração. Costuma-se perguntar ao interlocutor, quando há notícias boas e ruins, quais delas deseja ouvir primeiro. No caso, são três boas e uma ruim. Então, comecemos pelas que nos dão alento.
A primeira é que para 2011 o Sindipeças, que reúne quase todos os fornecedores dos fabricantes, divulgou uma previsão relativamente otimista para o nível de produção. A entidade espera crescimento de 4% sobre o recorde de 2010. A Anfavea, preocupada com as dificuldades de exportar, acredita que a produção ficará estagnada no próximo ano. Parte das vendas internas seria ocupada pelas crescentes importações e assim o nível de emprego tenderia a não se expandir.
Outra boa novidade: Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) chegaram a um acordo já para o próximo ano. Haverá a unificação da chamada Nota Verde, que classifica os automóveis pelos níveis de emissões, e do Programa Brasileiro de Etiquetagem, que informa consumo e eficiência energética dos veículos por segmentos divididos pela área projetada no chão.
Será um trabalho de fôlego e, claro, sujeito a imperfeições. A maior vantagem está no fim da adesão voluntária dos fabricantes quanto ao consumo. Gerava distorções e, por parte de algumas marcas, escamoteava números que o comprador tem o direito de saber. O Inmetro também expandirá as auditorias porque todos deverão informar os números.
Mais um exemplo positivo de trabalho coordenado é do DPDC (Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor) e do Denatran. Os dois órgãos vão trocar informações sobre os recalls e, a partir de março, o documento de licenciamento trará uma observação sobre o veículo que não respondeu à convocação. Isso se deve, além de dificuldades de comunicação (endereço do proprietário sob sigilo), ao simples esquecimento. As fábricas emitirão relatórios quinzenais sobre os atendimentos e os motoristas receberão um comprovante do serviço efetuado.
Porém, como nada é perfeito, o Contran reservou um desagradável presente, com vigência a partir de novembro de 2011. Definiu a Resolução 363, em outubro último, impondo procedimentos sobre autos de infração. O texto traz alguma coisa interessante como a regulamentação da penalidade de advertência.
O maior problema está nos novos procedimentos de indicação do real infrator. Hoje, o proprietário e o infrator preenchem os dados, ainda na fase de notificação, assinam e é anexada uma cópia da carteira de habilitação de condutor. Os documentos são enviados pelos Correios. No próximo ano será necessário reconhecer as firmas de ambos em cartório.
Ninguém merece. A Resolução trata, abusivamente, os motoristas como agentes de má fé por natureza e ainda cerceia o legítimo direito de defesa. Órgãos públicos, desde a preciosa Lei Bulhões de desburocratização, são obrigados a aceitar a assinatura de um documento desde que possa ser comparado a outro de fé pública. Se a multa ocorrer em local diferente do registro do veículo, os envolvidos terão, em certas circunstâncias, de comparecer aos cartórios em outras cidades.
RODA VIVA
EMBORA a Fiat nada revele, sem dúvida o sucessor do Mille será produzido mesmo em Suape (PE). Só outra fábrica, com mão de obra barata, novos métodos produtivos e condomínios industriais iguais ao que Ford, em Camaçari (BA) e GM, em Gravataí (RS), já dispõem, somado a generosos incentivos fiscais, viabilizariam o projeto. E em boa hora.
SEMPRE foi intenção da marca italiana continuar a oferecer o carro mais barato, a partir de 2014, quando a nova legislação de segurança veicular passar a vigorar. Mille poderia ser adaptado, mas se tornaria inviável, economicamente. Entre as quatro grandes marcas no Brasil, a Fiat era a única sem uma segunda fábrica de automóveis no País.
PICAPE Montana, derivada da arquitetura do Agile, herdou o estilo compatível com esse tipo de veículo. No dia a dia do trânsito a visibilidade pelo retrovisor interno melhorou graças à tampa da caçamba mais baixa. Faz falta a versão de cabine estendida, porém a caçamba tem bom volume e capacidade de carga coerente, seus pontos altos. Motor precisaria desenvolver maior torque.
CORREÇÃO: motor do novo Ford Edge ganhou potência (20 cv) graças, principalmente, ao duplo comando de válvulas variável e a mudanças internas. A injeção direta de combustível não foi aplicada. Quanto ao menor consumo de gasolina (10%), além do motor com marcha lenta de apenas 600 rpm, há pequenas alterações aerodinâmicas e pneus de baixo atrito de rolagem.
BATERIAS sofrem no verão pelo uso contínuo do ar-condicionado. Sempre é bom testar o sistema elétrico antes de viagens. A fabricante Johnson Controls lembra: nada de untar com graxa os bornes da bateria, como se fazia no passado. Esses terminais precisam, entretanto, estar sempre limpos e os cabos, bem apertados para evitar fugas de corrente.