Por Fenando Calmon
Um relatório recente da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), apresentado durante o balanço de final de ano da Anfavea, confirma que o crescimento da indústria automobilística mundial continuará sendo puxado por China, Brasil, Índia e, em menor escala, Rússia pelo menos até 2016. Certamente não poderemos crescer 10% todos os anos como em 2010, mas o Brasil ajudará a redesenhar o mapa de concentração. Em 2016, os quatro países responderão por 37% da produção total prevista de 93 milhões de automóveis e comerciais leves contra 20% da Europa, 15% da América do Norte e 27% em outros países (inclui Japão, Coreia do Sul, Tailândia etc.).
A PwC chama a atenção que “intervenções governamentais influenciarão o futuro da indústria global, impactando onde os veículos serão produzidos, os tipos que serão produzidos, a infraestrutura de fornecimento e a natureza dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento”.
Ainda carece de clareza de que forma o governo brasileiro poderá indicar os rumos. A matriz energética na área de transportes, especialmente quanto aos veículos leves, apresenta alternativas que não são encontradas – a preço competitivo – em outras regiões do planeta. Essa situação dificulta a distribuição de incentivos a fundo perdido e leva a mais indagações do que respostas. A consultoria também admite que a eficiência crescente dos atuais motores a combustão deve desafiar o avanço de carros elétricos ou híbridos no futuro próximo, posição que essa coluna já explicitou mais de uma vez.
No curto prazo, porém, o governo anunciou medidas de controle do crédito em financiamento para automóveis. O alvo principal são os parcelamentos superiores a 24 meses sem entrada. Planos de 50 meses estariam com índices de inadimplência elevados, mas isso não parece ser uma verdade estatística, segundo uma fonte consultada. As prestações vão encarecer em 40% ou mais. As fábricas nutrem a esperança de que essas restrições poderão ser aliviadas logo que houver uma acomodação no crescimento das vendas, previsto em mais 5%, pela Anfavea, em 2011.
Entretanto, saídas criativas devem surgir. O crédito pessoal, por exemplo, ajudaria a financiar a entrada em operações ligadas ao próprio veículo. As margens de comercialização atuais, tanto de fabricantes como de concessionárias, permitem que vários modelos alcancem hoje preços negociados abaixo dos níveis antes praticados com o IPI zerado. Até novembro a média dos preços praticados havia subido pouco mais de 1% contra 5,5% da inflação oficial ao consumidor. A inflação industrial foi ainda maior.
Uma forma de conviver com as novas regras poderia ocorrer na troca do carro usado pelo novo, ainda a grande parte dos negócios. A valorização do bem utilizado na negociação ajudaria na formação de um valor maior de entrada e consequentemente juros e prestações menores no veículo novo. Dessa maneira, parte das vendas seria pouco afetada.
Na realidade, o governo realmente mirou no que considera superaquecimento de vendas de automóveis, possíveis reflexos na inflação e prestações em atraso. É esperar – e torcer – por um pouso suave da economia no próximo ano.
RODA VIVA
FIAT aproveitou uma janela de oportunidade – espécie de última chance para aproveitar benefícios fiscais – e construirá sua primeira fábrica de automóveis fora de Betim (MG). Houve intensa negociação política de bastidores entre o governo pernambucano e o federal. Ideal seria algo mais transparente, porém esse é o nome do jogo. Há sempre um vencedor.
FORD Edge recebeu bons aperfeiçoamentos na linha 2011. Motor V-6, duplo comando de válvulas, graças à injeção direta de combustível ganhou 20 cv (agora 289 cv) e 10% menos em consumo. Parte frontal, lanternas traseiras e rodas são novas. Pneus para aros de 20 pol (na versão Limited, R$ 134.000,00) têm rodar áspero, como esperado. Interior melhorou, ainda sem navegador.
MESMA incapacidade de navegar na vistosa tela de LCD do Omega Fittipaldi australiano. Conjunto motor-transmissão evoluiu também com a injeção direta (potência subiu de 254 cv para 292 cv) e câmbio automático agora com seis marchas e comando sequencial. Visualmente nada mudou, mas esse trem de força será o mesmo a equipar o novo Omega no final de 2011.
INSTITUTO de Segurança Viária, da espanhola Fundación Mapfre, concluiu que não traz riscos o uso de óculos no evento de um choque em que se infla o airbag. Recomendação é manter distância mínima de 45 cm entre olhos e centro do volante, usar armações fechadas e lentes orgânicas. Lentes de contato semirrígidas protegem mais que óculos convencionais.
AVANÇOS tecnológicos chegam de onde menos se espera. TMD Friction (Cobreq, aqui) apresentou na feira alemã Automechanika uma película de transferência (regenerativa) que diminui a abrasão entre pastilhas e discos de freio. O conceito permitirá nova geração dessas peças, mais finas e leves. A massa pode ser diminuída em até um kg por eixo.