Por Júnior Almeida
Realmente há alguns automóveis que me chamam atenção, não só pela beleza, motorização ou o status que trás possui-lo, mas o melhor é conhecer a história que o cerca. Com esse objetivo passarei a publicar semanalmente a minha coluna aonde trarei no ponte de vista de um publicitário, apaixonado e colecionador de automóveis antigos um pouco da história dos automóveis que marcaram época.
Nos anos 60, poucas eram as montadoras instaladas no Brasil focadas em produzir automóveis sofisticados que demandavam maior cuidado na produção e um acabamento mais refinado refletindo em um preço incoerente diante da situação econômica e grande parte dos brasileiros. Para atende-los, Volkswagen e Willys dispunham de uma linha de automóveis populares com o Sedan e o Dauphine comercializado até 1965 juntamente com a versão mais potente o Gordini que motorizavam boa parte da população.
Aos que detinham uma renda um pouco maior, a DKW atendia suas necessidades com uma ampla gama de veículos, com o sedan Belcar, a perua Vemaguet e o utilitário Candango com preços que demonstravam o maior requinte em acabamento, motorização e produção se comparado com os populares da época mas a DKW queria algo mais, ela queria chegar ao topo dos automóveis mais luxuosos disponíveis até então, estes Aero-Willys e Simca Chambord que atendiam a elite da sociedade brasileira.
Para isso, encomendou para a Carrozzeria Fissore renomada empresa italiana a função de desenvolver um sedan de duas portas baseado no mesmo chassi e mecânica dos demais automóveis da gama DKW.
Apresentado como protótipo no Salão de São Paulo de 1962 trazia um legitimo sedan de duas portas europeu, com design elegante e sobreo através das linhas sofisticadas que definiam a ampla área envidraçada e colunas finíssimas, o conjunto ótico trazia quatro faróis circulares que equipariam o restante da linha no final dos anos 60 completavam este moderno sedan esporte.
Ao adentrar no luxuoso interior do Fissore, os ocupantes eram recebidos por uma espécie de luz de aviso nos batentes das portas para sinalizar que estavam abertas.
O interior esbanjava glamour nos bancos inteiriços ou opcionalmente individuais reclináveis que deixavam o Fissore com um charme a parte perto dos outros membros da família DKW.
O painel, bastante completo acompanhava o requinte dos acentos, mas a maior novidade estava no uso de alumínio cromado que tomava conta do painel e dos botões, bem centralizado ficava o rádio que era item de série e certamente não iria faltar uma boa música do Frank Sinatra ou Nat King Cole.
Mas ainda levaria alguns anos para que o publico o encontrasse nas concessionarias, isto por problemas no ferramental para produção do sedan, isto porque os protótipos vindos da Italia foram praticamente esculpidos em chapa plana pelos bate-lamieri da Fissore.
Depois de aplicar o jeitinho brasileiro a produção em fim começou, o Fissore era produzido em duas linhas de montagem, uma que montava a carroceria e na outra montava-se a tapeçaria do interior e a montagem final era intercalada com os outros modelos produzidos pela DKW.
Mas mesmo assim, a perfeição no primeiro ano de produção do Fissore não foi seu ponto forte, pois pela pressa em ajeitar o ferramental fez com que o sedan saísse da linha de produção necessitando de muitos retoques na carroceria e reforços em estanho além de massa plástica que evitavam as vibração e ondulação das chapas que refletiram em um maior peso total do veiculo superando os 980 kg planejados.
Com esse excesso, o desempenho do pacato motor de 980cm³ foi prejudicado e ao decorrer dos anos foram sendo introduzidas melhorias mecânicas como o diferencial reduzido 5,14:1, vidros de espessura mais fina que o normal, melhoria dos estampos de carroceria e finalmente foi adotado uma curiosa solução de durante o teste de dinamômetro, os motores que apresentavam mais dos pacatos 50 cv eram separados e utilizados nos Fissore e para dar aquela sensação de velocidade o velocímetro era envenenavam antes de serem entregues as concessionarias. Mas junto a esses problemas, foi desenvolvido o Lubrimat um reservatório que mantinha o os 3.5 litros de óleo 2 tempos no compartimento do motor e automaticamente misturava o óleo à gasolina e dispensava o motorista de ter que fazer isso manualmente.
Com tudo normalizado, as vendas do Fissore tiveram amplo sucesso dentro do seguimento a que a DKW estava entrando, mesmo custando 6 950 000 cruzeiros 15% a mais do que o sedan quatro portas Belcar o Fissore tinha como clientes potenciais os jovens da High Society que procuravam um automóvel de linhas jovens que trouxesse o luxo e requinte dos sedans.