Se as rodas na extremidade da carroceria fazem o March ter bom espaço interno, esta característica, quando combinada com o motor 1.6, torna o March um carro ágil, bom de dirigir e econômico. Mas isso não é algo exclusivo da versão SR. Esta, com sua parafernália visual, apenas avisam do que ele realmente é capaz. Você pode acreditar ou não.
Um carro desenvolvido no Japão e fabricado no México, o March 1.6 SR traz consigo alguns traços da cultura oriental, como a introversão e a disciplina. Aliada à carroceria com boa rigidez, a suspensão (McPherson na dianteira e de eixo de torção na traseira) é confortável, mas de curso curto para quem deveria estar adestrado para enfrentar vias não muito boas. Pelo menos aderna pouco nas curvas. A direção com assistência elétrica não transmite as imperfeições do piso, guarda para si boa parte destes sentimentos, mas é direta e passa a sensação de o carro estar sempre na mão.
Crianças que iam pra escola enquanto fazíamos fotos do March na Quinta da Boa Vista acharam interessante o motor, e ainda ganharam uma rápida explicação sobre ele. Se trata de um Nissan 1.6 16v HR16DE flex que entrega 111 cv (5,600 rpm) de potência e 15,1 kgfm (4.000 rpm) de torque máximo, e que é acoplado a uma transmissão manual de cinco marchas. Ele consome apenas o necessário. Dirigindo na cidade com etanol e em trânsito livre consegui alcançar a mesma marca divulgada pela Nissan: 8,8 km/L segundo o computador de bordo. Número que subiu para 12,8 km/ em via expressa, sendo que a Nissan divulga 13,3 km/l para esta condição. No último dia o abasteci com gasolina. O motor passou a funcionar mais suave, e com consumo de 13 km/l na cidade.
Com relação de diferencial curta e três primeiras marchas também curtas e bem escalonadas – a ponto de 1° marcha gerar o mesmo barulho da ré, por também ter engrenagens retas, mais fortes -, a transmissão permite arrancadas rápidas (se não tomar cuidado os pneus Maxxis 175/60 R15 podem reclamar) e garante retomadas satisfatórias. Mas isso não significa que o March 1.6 é sedento por velocidade. Até é um pouco, pois em quarta e quinta marcha ele pode ganhar velocidade sem que você perceba, mas, em geral, é domável. Caso as trocas passem a ser feitas antes dos 3.000 rpm, ele mostrará novamente sua calma japonesa, e o ruído do motor não invadirá tanto a cabine. Em rotações mais altas fica evidente que o isolamento acústico poderia ser melhor.
Com 982 kg o March SR é relativamente leve, algo que o ajuda a cumprir a aceleração de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos (quando com etanol) e a alcançar a velocidade máxima de 191 km/h, números divulgados pela Nissan. Para retornar à imobilidade ele não se sai mal. Os freios, apesar de não terem ABS – que só estará disponível à partir do final deste ano, por questões de demanda da fábrica mexicana – responderam satisfatoriamente e demonstraram comportamento progressivo.
A grande questão é: vale a pena pagar R$ 2 mil a mais pelo visual esportivo do March SR?
A pequena resposta é: depende!
Depende principalmente do perfil do comprador. Adesivos, saias laterais frontal e traseira, ponteira do escapamento cromada, rodas de liga leve 15" na cor Titanium, além de aerofólio e espelhos externos com pintura prateada, elevam o preço sem que haja alteração no interior e nos equipamentos, se comparado ao March SV (R$ 37.990), além de o SR só estar disponível nas cores cinza magnetic e preto premium, como a unidade avaliada.
Se você quer esconder o comportamento mais apimentado do March, e/ou faz questão de cores como o branco aspen, laranja Califórnia, azul egeu e vermelho Fuji, sem perder equipamentos, a melhor escolha é o SV, e use a diferença para comprar os faróis de neblina opcionais – e ainda vai sobrar. Há ainda a versão S 1.6, que perde as rodas aro 15”, alarme perimétrico e o cd player com MP3, e sai por R$ 35.890.
De toda forma, o Nissan March 1.6 é uma das opções mais acessíveis para quem quer chegar aos 100 km/h em menos de 10 segundos, e certamente o mais confortável e espaçoso abaixo dos R$ 40 mil.
Veja também | Nissan March 1.6 SR – Pequeno por fora e grande por dentro
Fotos | Johanns Lopes, Henrique Rodriguez