“Duzentos e noventa e cinco cavalos em um 2.0 de quatro cilindros? Medo.”
Japão. Nossa! Picasso coloria telas como a galera do olhos puxados monta carros. Mazda, Nissan, Toyota, Honda, Lexus, Mitsubishi e Subaru são exemplos. Mas sabe, exemplo mesmo é essa história que esse povo inventa de criar automóveis fortes. Motores pequenos. Que fôlego. O comportamento é de um relógio. Suíço. Preciso. Eles costumam ser bem espertos em curvas.
De quando em quando cismam a perguntar-me sobre preferências. De estalo penso nos alemães. Como todos aqueles que sabem atribuir valor a um respeitável e estável veículo germânico. Porém quando começo a contar os carros que poderiam ser interessantes... Esse, aquele, aquele outro... Cinco carros, seis... Oito, nove... Evolution! Mitsubishi Lancer Evolution X. Arrepio. Duzentos e noventa e cinco cavalos em um 2.0 de quatro cilindros? Medo. É um soco no estômago de tão ignorante. E controle de estabilidade. De tração. De aceleração. Tração integral. Como não bastasse, além dos atributos, é lindo. Ai... ai... O Spoiler, a visão frontal. O desenho lateral. Tão esportivo. Um erro seria não mencionar: de zero a cem em 6,3 segundos.
Quando vermelho era sublime aquele pequeno notável japonês. Honda New Civic Si era o seu nome. Não alcançava a marca dos 200cv. Nem precisava. Cento e noventa e dois cavalos de potência, o ponteiro do conta-giros beijando as 8200 rotações e os 193 Nm de torque já eram tão, mas tão deliciosamente mais do o que suficiente. Incomum não era quando dúvidas brotavam se realmente tratava-se de um simples dezesseis válvulas. Falando de válvulas, o Honda ostentava um especial 'comando variável de válvulas' que, aposto, hora ou outra causava certa notoriedade em alguns motores de maior peso.
A sigla GT impõe certo respeito. Misture Toyota como ingrediente. Tempere com o numeral 86. Resultado: GT 86. Outro 2.0. Entretanto, dessa vez, com os 200cv faltantes do 'Si'. Polvilhe com com uma tração traseira e um motor boxer para finalizar. Pronto. Ficou bonito. Por favor, não me permita ser hipócrita: estonteante. Eu quis expressar sensacional. Pensando em devaneios, acredito que se esse Caravaggio ultrapassa-me (desfilando, obviamente) em uma pista por aí, o meu acidente é certo. Como poderia eu continuar a enxergar depois de ter a vista ofuscada pelo brilho desse cupê?
Assim como a contagem até 10 lembra-me o Evolution, esse numeral também me remete que são mais 10. Trezentos e dez cavalos e 407 Nm de torque. Sistema inteligente de tração integral, quatro cilindros contrapostos, diferencial traseiro com LSD por acoplamento multidisco viscoso, controle eletrônico do diferencial central, sistema de controle dinâmico do veículo e robustez. Vigoroso. Brutal. E tudo o mais que a adjetivação possa oferecer quando trata-se de três letras: STI. O Subaru Wrx Sti não é uma força que possa ser chamada de comum.
A entrada de refrigeração do capô não engana. O monstro mostra a que veio. A marra de um motor de apenas 4 cilindros e o deslocamento abaixo dos três litros não é um motivo para o temor dos muitos motores em V. Acho que o segredo está no olho. Cinco segundos e dois milésimos de zero a cem com um 2.5 muito verdade não é pra qualquer um.
Esta aí. Começo mesmo a suspeitar que a tecnologia na fabricação de brinquedos assim é diretamente proporcional à horizontalidade daqueles olhos nipônicos.
Por Thiago Andrade Ramos, que a passa a publicar aos domingos seus textos em Novidades Automotivas