O fim de uma era. Essa é a frase mais expressiva para dimensionar o término da produção da Kombi. A informação é da Car and Driver americana, que entrevistou Thomas Schmall, presidente da marca no Brasil, durante a Feira Internacional de Fornecedores em Wolfsburg, Alemanha. Segundo Schmall, a Kombi dá adeus ao mundo no fim de 2013, e terá uma substituta. Lançada em 1955, já ultrapassou mais de 1,5 milhão de vendas e marcará 56 anos de mercado no Brasil.
Ainda de acordo com Schmall, o argumento de carro “cult”, em razão da imagem que a Kombi ganhou com os hippies na década de 1960 e suas aparições nos mais diversos filmes no cenário internacional, não foi suficiente para sustentar o estigma de “montadora que vende carros velhos”. Não à toa, a primeira geração do Golf saiu de linha na África do Sul há alguns anos e o nosso conhecido Santana será substituído na China, bem como a segunda geração do Jetta.
Apesar disso, sabemos que essa não é a única explicação para o fim da Kombi. As leis de segurança que obrigam que freios ABS e airbag duplo sejam equipamentos de série a partir de janeiro de 2014 – e o recente interesse do governo em tornar obrigatório também o ESP e o sistema que freia o veículo em caso de colisão iminente – impossibilitam a imortalidade da Kombi, cuja última alteração marcante nesta geração – chamada de T2 – que perdura desde 1974 foi o motor refrigerado a água, lançado na linha 2006.
O Brasil é o último mercado do mundo a produzir a Kombi (atualmente, algumas poucas unidades são importadas para a Holanda como motorhomes). No caso do Fusca, o último país a produzi-lo foi o México, que parou de fabricar o besouro em 2003. Schmall não precisou detalhes sobre o substituto da Kombi, mas ele já antecipou que ele não seguirá o conceito Bulli. Ulrich Hackenberg, membro do conselho da Volkswagen, já adiantou também que o modelo já desceu alguns níveis no “ranking” de prioridades da VW, ou seja, não entrará em produção tão cedo…
Para manter a lucratividade da velha senhora (que tem baixo custo de produção e custa a metade de seus concorrentes), este novo modelo terá que ser barato, já que, se ela seguir os preços de modelos como Ducato e Master, na faixa de R$ 80.000, a lacuna dos utilitários de R$ 40 mil ficaria na mão dos chineses. Esse novo modelo poderá ser fabricado em São Bernardo do Campo (SP), muito embora isso exija uma readequação da fábrica, que hoje opera sem robôs em razão da simplicidade do projeto.
Com o fim da Kombi, o modelo mais antigo ininterruptamente em linha no Brasil é o Gol (1980), seguido do Mille (1984), que também sai de linha em 2014. Se for considerado os modelos que já tiveram a produção interrompida e também importados, o modelo mais antigo – ironicamente – será o Fusca, que foi lançado em 1953, saiu de linha em 1986, voltou em 1993, deu adeus de novo em 1996 e que retornará com uma nova geração em 2013.