Hamburgo/Alemanha - Dizem que intimidade é uma.... Bem, dizem que intimidade revela problemas e conflitos. Convivemos com o Countryman por cinco dias e quase 1000 km, entre o trânsito de grandes cidades, como Hamburgo e Berlim, e auto estradas alemãs. Foram dias de carro carregado e vazio enfrentando vagas apertadas, ruas estreitas, avenidas e as famosas Autobahns.
Após a convivência com o modelo durante esse tempo, foi possível conhecê-lo, digamos, mais intimamente. De forma que podemos afirmar: design externo cativante, porte apropriado à proposta urbana, bom espaço interno para quatro passageiros, posição de dirigir correta e bom comportamento dinâmico são certamente seus pontos fortes. Esse é um MINI que consegue associar direção divertida e design diferenciado com mais espaço interno.
Contudo, exatamente no convívio cotidiano, na intimidade, a luz amarela se acende para o Countryman.
É uma pena chegar a tal conclusão, principalmente considerando a boa qualidade de construção, o bom espaço e a ótima posição de dirigir. Mas no que se refere ao posicionamento de comandos à leitura de informações nos instrumentos, o interior do Contryman é péssimo. E certamente não se trata de questão de economia, muito menos de falta capacidade dos designers da BMW. Trata-se de uma – má – opção estética que negligenciou a funcionalidade.
De fato, o mau posicionamento de comandos e a dificuldade de leitura de informações incomoda desde a primeira volta. Mas espera-se que com o costume o incômodo inicial seja esquecido. Mas com comandos e números pequenos e confusos, o incômodo permanece e começa a gerar irritação em certos momentos. Principalmente quando lembramos que não estamos em um carro barato.
O velocímetro no centro do painel, por exemplo, apesar de gigante é inútil para o motorista, que precisa desviar muito o olhar e a atenção para procurar onde o ponteiro se encontra na escala. Na prática, é mais simples conferir a velocidade no mostrador digital que fica no conta-giros, acima da coluna de direção. Seria ótimo se esse mostrador não fosse, ao contrario, muito pequeno e também difícil de ler.
O computador de bordo, por sua vez, conta com funções básicas como relógio, consumo instantâneo e médio, distância percorrida, autonomia, temperatura externa e tempo de viagem, apresentadas em outro pequeno visor no conta-giros. Seu comando é incômodo, através de um botão pontudo na extremidade da haste de comando dos faróis principais. Para conferir as horas é necessário selecionar essa informação para exibição nesse pequeno visor ou procurar junto ao mostrador do rádio, no centro do painel, mais uma vez entre números pequenos e confusos.
Falando em confusão, o que não falta no interior do Countryman são botões pequenos, muito próximos e difíceis de encontrar intuitivamente. Para acionar comandos do som, do ar-condicionado e da ventilação, dos vidros elétricos, do travamento geral, do aquecimento dos bancos, do controle de tração, faróis auxiliares, desembaçadores... o motorista fica tateando o console central, enquanto dirige, tentando identificar o comando correto. Tarefa impossível sem desviar o olhar da direção.
A propósito, seria mais útil e faria mais sentido – inclusive em regiões de clima temperado – contar com aquecimento para o aro do volante ao invés de aquecimento para os bancos.
Outro exemplo: os vidros das quatro portas contam com acionamento do tipo um toque, para subir e descer. Mas a posição dos comandos, reunidos na parte inferior do console central, não é apenas desconfortável e confusa. Com garrafas de água pequenas nos porta-copos, localizados entre o console e a alavanca do câmbio, é verdadeiramente complicado alcançar esses comandos – e simplesmente impossível acionar os faróis de neblina.
Falhas de ergonomia como essa realmente incomodam mesmo quando se trata de carros de baixo custo, pois o posicionamento incorreto de comandos desvia a atenção do motorista, podendo contribuir para acidentes. No caso de uma marca que se posiciona como Premium no mercado e cujo foco está, exatamente, no design e no prazer ao dirigir, erros de ergonomia como os encontrados no Countryman são inaceitáveis.
Não que o Countryman seja um carro ruim, ao contrário. Ele reúne design diferenciado e bom espaço interno para quatro passageiros em tamanho compacto, com um belo acerto de suspensão e direção. A questão é que não conseguir encontrar intuitivamente comandos e informações básicas, que deveriam estar dispostas de forma óbvia, torna-se irritante – particularmente para quem espera praticidade.
E não se trata de um modelo de baixo custo, portanto não se justifica um menor nível de exigência. Pelo contrário, produtos de marcas Premium devem ser avaliados como tal. E a verdade é que – fora os instrumentos confusos – a qualidade geral do carro, embora seja boa, não é referência. Na faixa de preços praticada pela MINI, é possível encontrar opções que não devem nada em design, comportamento dinâmico ou qualidade construtiva, oferecendo mais espaço e tecnologia embarcada pelo seu dinheiro.
Francamente, se o que você procura é um crossover prático para uso no dia-a-dia e com design bacana, existem opções melhores no mercado. Para aqueles que não vêm (os ótimos, diga-se) Kia Sportage e VW Tiguan como opções “Premium”, existem BMW X1 e Audi Q3.
Agora, se o que você quer mesmo é um MINI e está disposto a abrir mão da funcionalidade pelo design da marca, então esqueça o Countryman e fique logo com o Mini hatch.
Respondendo ao título dessa matéria, nossa conclusão é que, quando se trata de MINI, menos é mais.
Mini Cooper D Countryman - Menos é mais? Pate 1
Mini Cooper D Countryman - Menos é mais? Parte 2
Ficha Técnica:
Mini Cooper D Countryman
- 112 cv / 4000 - 27,5 Kgfm - 1750
- 0-100 em 10,9 s
- Máxima 185km/h
- Retomadas de 80-120 em 4a e 5a em 9,7 e 11,9 s.
- Dimensions Altura x Largura x Comprimento: 4.097 / 1.789 / 1.561 mm
- Entre eixos 2.595 mm
- Porta malas 350/450/1170 L
- Peso 1310 kg
- Tanque 47 L