8 de dez. de 2011

Teste de aptidão – E aí, Amarok?

Uma carga pesada, uma volta solitária e uma estrada de serra: será que a Amarok dá conta?

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Normalmente, testes de veículos são eventos imersos em glamour e pompa. Entretanto, quando testamos os carros na sua devida proposta, podemos obter um ponto de vista mais próximo da realidade. Portanto, não deixaria uma oportunidade dessas passar em branco, e a chance de se surpreender era imensa.

A tarefa dada era a seguinte: Levar de BH até Ipatinga (210 quilômetros pela tenebrosa BR 381) uma carga de lousa e metais, pesando por volta de 500 kg. Uma vez descarregada, voltar para a capital mineira. O veículo da empreitada? Uma Amarok One 2011, com seu motor 2,0 litros sobrealimentado com um turbocompressor, imprimindo 122 cv de potência e 34,7kgfm de torque. No momento que a peguei, no fim da tarde do dia 07 de dezembro, marcava 7700 quilômetros rodados.

Para começar, o feitiço virou contra o feiticeiro logo nos primeiros minutos: Os retrovisores (enormes!) estavam imersos em barro. E, para piorar a situação, a chuva não dava trégua hora nenhuma, molhando a superfície especular e criando uma crosta sobre ela. Logo, quando fui praticamente fora de BH no trânsito caótico para carregá-la, foi um parto levá-las pelas ruazinhas apinhadas de veículos do Centro-Sul de Belo Horizonte devido à visibilidade prejudicada, que por sua vez impedia uma melhor mobilidade do grande veículo.

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Saí de BH às 6:00h da manhã. A BR 381 não estava vazia, pelo contrário. Logo nos primeiros quilômetros, achei os freios com curso demasiadamente longo, embora bem eficazes. Por outro lado a dirigibilidade é melhor que as caminhonetes em geral, ainda que não me agrade.
O motor monoturbo sente um pouco na retomada de marchas mais altas e em ultrapassagens, na qual o turbo "estrangula". De resto, cumpre bem demais a sua função de trabalhadora, inclusive subindo as serras do leste de Minas enquanto carregada com louvor. Nessa situação em específico, é gritante a superioridade dos motores do ciclo Diesel frente aos motores Otto. Mesmo pesada e não tão potente, imprimia um ritmo de subida como um automóvel de passeio de potência não tão baixa.

Quando vazia, como foi a volta do interior para a capital, o utilitário germano-portenho anda tal qual os sedãs médios do nosso mercado. Se não existir cautela quanto às tomadas de curva, os acidentes fatalmente acontecem, já que a caminhonete embala fácil e mantém velocidade na casa dos três dígitos com imensa facilidade. Em tal situação, o controle de estabilidade de série é ponto a favor da Amarok, embora a uma primeira impressão os pneus de 205 milímetros de seção não inspirem muita confiança em trechos sinuosos.
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Como qualquer truck do gênero, o eixo rígido traseiro é bem desprazeroso e joga nas curvas quando vazio, mas menos que as concorrentes que já andei (nomeadamente, é bem melhor que a Hilux 3.0). Entretanto, quando vazia e em terreno irregular, é fácil provocar shimmy, destracionando o eixo propulsor.

O sistema de som da Amarok básica lê MP3 e tem entrada auxiliar via USB, mas é muito burro quanto à sua leitura. Já o câmbio é algo próximo da perfeição pra um veículo desses, embora o engate da 6ª seja às vezes meio impreciso. Essa mesma sexta velocidade é uma mão na roda em terreno plano na qual se mantêm velocidade de cruzeiro, como uma típica sobremarcha de economia.
Para quem viaja em terrenos mais amenos, é guardar dinheiro na certa no que toca a combustível. Mas, é redução a todo momento, pois o torque não aparece. Portanto, só foi usada na ida nas descidas de serra mais longas na qual não era necessário o freio-motor, e na volta nas planícies do Vale do Aço, oportunidade a qual foi possível manter a velocidade na casa dos 130 km/h sem maiores surpresas no que toca à dinâmica veicular.
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O indicador de marcha no painel é bacana pra não desviarmos a atenção da estrada e muitas vezes acerta ao indicar a troca de velocidade, mas daí a me mandar colocar sexta numa subida imensa e colocar segunda a 50 km/h é loucura. A embreagem é leve e suave, superando por larga margem a do meu Clio 1,6 16v. Num para-e-anda causado por um dos milhares acidentes na estrada, não se verificou fadiga na perna esquerda. A quantidade de porta-trecos também é legal e bem localizados, com destaque a um logo abaixo dos comandos de Ar Condicionado tal qual nas BMW dos anos 80. Como compensação, só 4 pontos de amarração na caçamba é no mínimo inadequado para um veículo de proposta trabalhadora.

Se por um lado a embreagem, dirigibilidade e habitalidade são dignas de louvor, assim como o motor honesto e o câmbio suave, os faróis são demasiadamente fracos e inseguros. Além disso, os comandos de ar condicionado fazem com que a leitura do mesmo seja parcialmente ocultada, fazendo com que não consigamos ver as suas funções em algumas situações. Por fim, e de forma gritante, o ângulo que a perna faz devido ao posicionamento do acelerador é o pior que já vi até hoje, causando dores atrozes na panturrilha direita de forma que nunca havia provado igual. Alô, Volks: Um acelerador pivotado no assoalho seria melhor, hein!

Enfim, é isso. Pro trabalho heavy duty, está aprovada mesmo!

Por Renato Passos