14 de jun. de 2012

Coluna Alta Roda – Perpetuar a obra

Por Fernando Calmon
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Conservar a memória de carros antigos não é missão fácil no Brasil. O poder público é totalmente omisso e cabe apenas aos abnegados e colecionadores investir na preservação. Em Brasília (DF), o Museu do Automóvel está ameaçado de despejo; o de Caçapava (SP), em estado de abandono e com veículos depenados; o da Ulbra, em Canoas (RS), fechado por dívidas da universidade que o patrocinava.

Segundo o site AutoClassic, resta uma dúzia deles, a maioria pequenos ou temáticos, basicamente em São Paulo e no Rio Grande do Sul. A alternativa para não deixar morrer o antigomobilismo tem sido exposições públicas regulares ao ar livre. Há mais de 50 delas por ano, de médio e grande portes, onde é possível apreciar o passado que influencia o presente e inspira o futuro.

Este ano se comemorou o XX Encontro Nacional de Veículos Antigos, no pátio do Tauá Grande Hotel, em Araxá, semana passada. Trata-se de exposição bienal, a mais seletiva entre as realizadas no País, iniciada em 1984. Organizado pelo Veteran Car Club, de Minas Gerais, o Brazil Classics Fiat Show 2012 reuniu cerca de 300 carros. Incluiu desfile de veteranos pelas ruas da cidade e leilão de Ferrari 365 1970, por R$ 400 mil, a Fusca 1969, por R$ 11 mil.

Troféu Roberto Lee, para o melhor da exposição, ficou com o Rolls-Royce Silver Ghost 1923, de Rubio Ferreira, fabricado em Springfield, EUA (não na Inglaterra). Troféu Lalique foi para a coleção de Cadillacs, de Nélson Rigotto. Entre carros nacionais, prêmio ao Brasinca GT 1965, de Otávio de Carvalho.

Especialista em história do automóvel, o americano-brasileiro Rexford Parker destacou alguns em nível internacional. “Maravilhosos: Aston Martin DB2, 52; Cadillac Town Car by Fleetwood, 25 e Rolls-Royce Phantom 5 James Young Touring Limousine, 64.  Mais fiel ao modelo original do que o próprio ‘Best of the Show’ e do mesmo dono, o espetacular Packard Twelve Dietrich Club Sedan, 33.”

Embora sempre atraente, a exposição de 2012 perdeu um pouco de brilho em relação à de 2010, talvez pelo tempo chuvoso ter gerado desistências. Seria muito bom rever, se não todos, pelo menos a maioria dos 19 vencedores anteriores, que mereceriam um espaço à parte. Ferdinand Alexander Porsche, desenhista do 911 falecido esse ano, recebeu homenagem e localização nobre dos 10 modelos expostos.

Og Pozzoli, 82 anos, um dos maiores colecionadores do Brasil com mais de 170 carros, também reverenciado em Araxá, se preocupa em perpetuar sua obra. “Sei que um museu permanente e aberto ao público seria o melhor legado. Vários dos meus carros têm ligação íntima com a história política e econômica do País. O recinto de exposição precisaria ser grande e de fácil acesso, a exemplo da área portuária em revitalização que surge no Rio de Janeiro”, ressaltou o engenheiro de família de origem potiguar, nascido em Itaboraí (RJ), do alto de sua simpatia e longos bigodes brancos.

RODA VIVA

REAÇÃO das vendas em maio, depois da redução do IPI, foi prejudicada pela necessidade de refaturar notas fiscais. Tanto que a média diária de emplacamentos só superou em 1,3% a de abril. No acumulado do ano a queda é de quase 5%, em relação a 2011. Atraso nas entregas manteve o estoque total ainda em patamar elevado: 43 dias.

JUNHO, porém, deve ser mês recordista em vendas, apontado por Anfavea (fabricantes) e Fenabrave (concessionárias). Além de preços menores, realmente impulsiona a comercialização o aumento de aprovação de pedidos de financiamento, agora em torno de 55%, com tendência a subir. Isso apesar do índice de inadimplência ainda muito alto (5,9%).

NORMALIZAÇÃO do crédito dará fôlego à base do mercado: modelos compactos e motor de 1.000 cm³. De abril para maio, a participação deles no total de automóveis subiu ligeiramente de 38,6% para 40,6%. Vendas terão que manter médias mensais muito elevadas, até dezembro, para compensar o atraso do governo no alívio do imposto e estímulo ao crédito.

PODE parecer preocupante, em plena recuperação do mercado, GM ter aberto plano de demissões voluntárias em São José dos Campos (SP). Na realidade, essa unidade problemática em termos sindicais perdeu empregos para São Caetano do Sul (SP), onde se produzirão monovolumes Spin, substitutos de Zafira e Meriva. No geral, nível de empregos do setor é estável.bravo_sporting_020
VERSÃO
Sporting, do Bravo, tem decoração discreta e altura de suspensão igual à da versão realmente esportiva, a T-Jet. Com teto solar de série e outros equipamentos custa R$ 58.140, apenas R$ 5 mil sobre a versão de entrada, Essence. Melhorias no câmbio automatizado: estratégia de troca de marchas bem útil em ultrapassagens.

NADA empolgante o novo compacto da Toyota, Etios, a ser lançado em setembro. Projeto atrasou mais de três anos. Estilo, em especial do sedã, pouco atrativo. Ao contrário de outro japonês, Nissan Micra, dispensou motor de 1 litro e seu imposto menor. Painel interno tem problemas estéticos e de funcionalidade.