Está cada vez mais claro que os maiores fabricantes mundiais se engajaram numa grande corrida tecnológica. Ela já começou, mas não se sabe ainda quando vai terminar e se apontará vencedores e vencidos. Isso ficou evidente nas mensagens passadas durante um encontro com a imprensa mundial, em Detroit, em que a Chevrolet – principal marca do grupo General Motors – marcou seus 100 anos de existência.
Interessante constatar que nenhuma festa pirotécnica foi organizada para esse centenário, embora só outras 13 marcas (entre mais de 1.000, em 125 anos) alcançaram esse feito simbólico e sobreviveram: Alfa Romeo, Audi, Buick, Cadillac, Fiat, Ford, Lancia, Mercedes-Benz, Opel, Peugeot, Renault, Rolls-Royce e Skoda. Os tempos são outros. A GM tem, agora, administração bastante austera e deixou de perseguir a liderança mundial de vendas por si só. Este ano, por exemplo, ressalta que os japoneses foram muito prejudicados com os desastres naturais de março passado e isso beneficiou suas vendas, em especial nos EUA.
Entre as várias apresentações, vale destacar a prudência de Jim Federico, diretor mundial para automóveis pequenos e veículos elétricos, em relação aos futuros meios de propulsão. Relembrou que 96% dos veículos no mundo dependem do petróleo e mostrou resultados de pesquisas com os consumidores de vários países:
- Não querem substituir prazer ao dirigir ao economizar combustível.
- Não existe tecnologia única que atenda aos desafios de clientes e sociedades ao redor do mundo.
- Veículos elétricos (VEs) podem ser solução aplicável em megacidades ou centros urbanos com problemas de congestionamento.
- Essa tecnologia é ideal para carros pequenos que rodam em baixas velocidades e distâncias curtas.
- VEs podem ser viáveis em mercados onde exista infraestrutura madura para eles.
A Chevrolet decidiu, então, anunciar para alguns mercados, a partir de 2013, uma versão elétrica a bateria do subcompacto Spark. Era uma das poucas marcas que não tinham optado por esse tipo de solução de emissão zero (só no escapamento). Em razão do Volt, seu híbrido em série recarregável em tomadas, já havia se comprometido em padronizar os plugues em acordo com Audi, BMW, Mercedes-Benz, Porsche, VW e, por último, a Ford.
Outro viés destacado por Federico: nova família global de motores de três e quatro cilindros, de 1 litro a 1,5 litro de cilindrada, injeção direta, turbocompressor, peças intercambiáveis e prontos para combustíveis alternativos. Significa que, com certeza, serão fabricados no Brasil, na unidade em construção em Joinville (SC). Essa família substituirá, paulatinamente, três séries de motores hoje existentes com grandes ganhos em escala de produção.
Apesar de já se saber que a nova picape S10, agora no começo de 2012, teria também a versão utilitária esporte Blazer, a GM negava. Em Detroit, no entanto, confirmou o lançamento desse SUV também nos EUA, a ser revelado mundialmente no Salão de Dubai, em 10 de novembro próximo. Ambos os modelos foram inteiramente projetados no centro tecnológico de São Caetano do Sul (SP).
RODA VIVA
HONDA está construindo nova fábrica no México para um carro compacto mais acessível. A base é o Brio já feito e vendido na Índia. Objetivo: dar combate a modelos correspondentes da Hyundai e Toyota. Fontes mexicanas dizem que o carro será exportado para as três Américas. A Honda, no entanto, pretende fabricar o mesmo modelo em Sumaré (SP).
PRIMEIRA resposta à altura do Audi TT, o Peugeot RCZ conta com o mesmo motor turbo, 1,6 litro, de origem BMW que equipa o 3008 e os Minis. Lote inicial de 200 unidades tem preço de R$ 139.900, potência de 165 cv e câmbio automático de seis marchas. A marca francesa desistiu de trazer o motor mais potente (200 cv) porque só é disponível com caixa manual.
MINI Cooper Coupé completa a oferta da marca inglesa no Brasil. Foi-se o tempo em que duas ou três versões do mesmo carro atendiam todo o espectro do mercado. Modelo mais em conta – R$ 139.450 – dispõe de motor de 1,6 l/122 cv. Realmente endiabrado, Cooper S Coupé tem o mesmo propulsor, porém turbo, de 184 cv e preço salgado de R$ 149.950,00.
RECICLAGEM das baterias de íon de lítio, dos carros elétricos, esbarra no preço muito alto. “Ainda há tempo para que esses custos sejam rebaixados para um terço do valor atual”, adiantou a essa coluna Thierry Koskas. Ele é diretor do programa de veículos elétricos da Renault, a empresa que faz as apostas mais pesadas nessa alternativa juntamente com a Nissan.
ESTUDO da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo estima a frota total da capital paulista – automóveis, caminhões, ônibus e motocicletas – em torno de 4,5 milhões de unidades e não de 7 milhões, conforme informado pelo Detran. Como não há controle da frota real é preciso fazer cálculos de sucateamento para o Brasil todo. Sem isso de nada adianta planejar.